A falta de um desfibrilador - equipamento que estimula a volta dos batimentos em paradas cardíacas - no Hospital Municipal do Jardim Esperança, em Cabo Frio, pode ter colaborado para a morte de um homem de 55 anos na noite de segunda-feira (25). É o que diz a família do eletricista Edvaldo Dornellas, de 55 anos.
Ele deu entrada na unidade durante o último fim de semana e a situação se agravou na segunda, quando apresentou quadro da parada cardíaca. Os parentes contam que, após serem orientados pela equipe médica, chegaram a sair um carro particular para buscar o desfibrilador no Hospital da Criança. Quando voltaram, Edvaldo ainda foi atendido, mas não resistiu.
"O hospital não tem estrutura nenhuma. Não tinha medicamentos e nem o desfibrilador. Um absurdo total", declarou o filho da vítima, Edvaldo Júnior, no enterro do pai nesta terça (26).
Ainda segundo a família, Edvaldo chegou a ser atendido com o desfibrilador que foi buscado no Hospital da Criança. O quadro dele se estabilizou temporariamente, e os médicos decidiram transferí-lo. Mas, sem encontrar vaga em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), ele teve outra parada e morreu ainda no Hospital do Jardim.
Prefeitura diz que hospital tem desfibrilador
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde de Cabo Frio contrariou a versão da família e afirmou que o hospital tem desfibrilador e possui todas as condições necessárias para o atendimento. Veja a nota na íntegra.
"A Secretaria de Saúde de Cabo Frio informa que o paciente Edvaldo Ornelas deu entrada no Hospital do Jardim Esperança, no sábado à tarde, em estado grave, com ataque supra ventricular. Foram realizados todos os procedimentos necessários visando a reversão da patologia, com inúmeras cooperações de equipe médica, enfermeiros, técnicos de enfermagem, e inclusive familiares, que se colocaram a disposição para ajudar.
Segundo a direção da unidade de saúde foi feito todo o possível, dentro das normas e condutas médicas, a fim de reverter o quadro do paciente, que tão logo chegou ao Hospital, teve seu nome inserido no sistema de regulação de vagas de UTI da Secretaria Estadual de Saúde. Cabe ressaltar que o município não tem qualquer gerência sobre a regulação de vagas de UTI, que são de responsabilidade da Secretaria Estadual de Saúde, que coordena a regulação nos 92 municípios do Estado.
A Secretaria de Saúde de Cabo Frio esclarece ainda que a unidade tem desfibrilador. Será aberto processo administrativo disciplinar para apurar o que aconteceu no Hospital do Jardim Esperança no dia 23 de maio para que tenha sido necessário buscar outro aparelho em outra unidade de saúde."
Fonte: G1
COMENTÁRIO
O que mais chama a atenção é que as respostas que partem da Prefeitura de Cabo Frio quase que rotineiramente tratam de primeiro desqualificar a versão do autor da denúncia.
Vejamos: de acordo com a reportagem da Globo, a família explica, com veemência e riqueza de detalhes, todos os caminhos percorridos até conseguir o tão necessário desfibrilador. A Prefeitura diz que a unidade tem o aparelho. [Ter aparelho é uma coisa. O aparelho funcionar é outra!]
Como rotina hospital correta, jamais a direção da unidade (ou quem quer que seja) poderia autorizar a família a transportar equipamento a ser utilizado em procedimento de emergência. Essa responsabilidade é do poder público e não pode ser delegada a terceiros. O desfibrilador deveria ser buscado por uma unidade oficial da Prefeitura. Para esse "equívoco" ou "deslize" não há perdão. É ato irresponsável!
A explicação da Prefeitura é tão absurda que serve como tudo, menos como explicação.
A família, além de enlutada, se depender da história contada pela Prefeitura, sairá como mentirosa. E para isso também não tem perdão. Nada justifica tamanha negligência; nem mesmo o quadro clínico crítico em que o senhor se encontrava. A falta de equipamento - ou a não utilização dele no tempo certo - pode ter sido, sim, um agravante e potencial contribuidor para os danos irreparáveis relatados.
Por fim, se a memória não me trai, uma das primeiras visitas feitas pelo prefeito/secretário de Saúde foi no Hospital do Jardim Esperança. Na ocasião, segundo Alair Corrêa, os moradores passariam a vivenciar um novo momento.
Pelo visto, estão adotando aquele velho adágio: "quando o gato sai, o rato faz a festa". O prefeito saiu da cena e tudo voltou ao que era: caos total!
Família se revolta após morte de paciente no hospital do Jardim Esperança
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